A pintura "O CANTO DE YÁ", criada pelo artista visual Andre Mustafá, está sendo desenvolvida como uma homenagem às grandes Iyá Mis, feiticeiras dos povos Iorubás, e para integrar a Exposição Fronteiras com os Orixás, que explora a rica cultura afro-brasileira. A exposição já apresenta mais de 53 pinturas, disponíveis para visualização no blog oficial ou no Instagram: @futurosmustafa.
Além disso, a elaboração desta pintura abordará a temática surrealista, como uma homenagem a esse movimento artístico que, neste ano de 2024, completa 100 anos. O surrealismo, conhecido por sua abordagem criativa e imaginativa, oferece um contexto fascinante para a expressão das influências culturais e espirituais que permeiam a obra de Mustafá.
Através de uma fusão de elementos tradicionais e contemporâneos, a pintura "O CANTO DE YÁ" promete ser uma obra de arte vibrante e significativa, que não só celebra a rica herança cultural afro-brasileira, mas também lança um olhar ousado e inovador sobre as tradições ancestrais. Com sua habilidade técnica e sua visão artística única, Andre Mustafá continua a deixar uma marca indelével no cenário artístico brasileiro e internacional.
O CONCEITO
O processo de criação desta pintura teve origem em uma ideia inicial de retratar alguém em oração, como se estivesse em um estado de transe. A oração no candomblé é considerada sagrada, assim como tantos outros aspectos dentro da filosofia Iorubá, os quais André Mustafá tem pesquisado desde 2005 para a realização desta exposição. Orar é entrar em um profundo estado de conexão consigo mesmo, com Deus e com os Orixás. É um momento de cantar, dançar e se unir profundamente às suas essências individuais.
A prática da oração no candomblé revela-se como algo revelador, capaz de desnudar o iniciado, o sacerdote, de suas máscaras. Nesta representação, a figura em oração é uma mulher, aquela que detém o poder das essências primordiais femininas da natureza. É como se, através da oração, ela se conectasse de forma íntima e poderosa com a essência feminina que permeia o universo.
Nesta obra, o ato de orar transcende os limites físicos e alcança um estado de sublime comunhão com o divino e com a própria essência. É como se a pintura capturasse não apenas um momento, mas toda uma experiência espiritual, convidando o espectador a mergulhar nesse universo de fé, transcendência e conexão profunda com o sagrado. Assim, através das pinceladas e das cores, emerge não apenas uma representação visual, mas sim um convite para uma jornada interior, onde a oração se torna o elo entre o humano e o divino, entre o visível e o invisível.
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
Para a construção dessa Pintura, André Mustafá iniciou o processo elaborando imagem na plataforma de inteligencia articifial Leonardo IA. O comando para essas imagens foi um texto que os estudantes e profissionais de Inteligencias Artificial chamam de PROMPT:
"Num espaço de grande oração, uma mulher negra está vestida de branco e tem o rosto virado para cima. Está a meditar, enquanto peixes voadores com asas leves e penas macias a rodeiam. Estamos num sonho e os peixes estão a voar. A mulher está em profunda meditação, enquanto estes peixes espirituais rodeiam a sua cabeça e deixam cair penas leves sobre a sua cabeça calva. As penas são realmente reconfortantes. As penas leves caem sobre a sua cabeça e tocam levemente o seu rosto. A mulher careca está a passar por uma iniciação mágica muito profunda. O rosto da mulher careca é suave mas poderoso."
Então, a partir desse prompt, foram geradas estas imagens no Leonardo IA. Muitas outras imagens também foram geradas e proliferaram no imaginário do artista visual André Mustafá, inspirando-o para diversas outras pinturas ao longo desta nova jornada criativa junto à inteligência artificial, as quais iremos compartilhar aqui no blog.
Uma pergunta talvez seja crucial: É considerado arte utilizar plataformas de inteligência artificial? O que podemos compreender sobre esse processo criativo com o uso dessas ferramentas de inteligência artificial? Será que o artista contemporâneo não pode se valer dessas ferramentas para construir suas estéticas? No caso do artista visual André Mustafá, ele as utilizou para gerar as imagens e posteriormente as interpretou e recriou através de desenhos e pinturas, não empregando diretamente as imagens geradas, mas sim se utilizando delas como referência para sua criação final.
O diálogo entre a arte e a tecnologia é uma temática em constante evolução. A integração das novas tecnologias, como a inteligência artificial, abre novas possibilidades criativas e desafia os conceitos tradicionais de produção artística. Nesse sentido, o uso dessas ferramentas não apenas amplia o repertório do artista, mas também questiona as fronteiras entre o humano e o digital, entre o controle do criador e a autonomia do algoritmo.
Ao explorar a interseção entre arte e inteligência artificial, André Mustafá está não apenas expandindo seu próprio horizonte criativo, mas também contribuindo para uma reflexão mais ampla sobre o papel das novas tecnologias na arte contemporânea. Sua abordagem demonstra que a colaboração entre o artista e a IA pode resultar em obras que transcendem as limitações de ambos, criando um novo espaço para a expressão artística e a inovação tecnológica se fundirem em uma experiência única e provocativa.
AS TÉCNICAS
O público que já está familiarizado com o trabalho visual de André Mustafá e o acompanha pelo YouTube tem ciência de que ele vem aprimorando suas habilidades e técnicas em desenhos realistas, utilizando tanto canetas esferográficas coloridas quanto as tradicionais azuis, pretas e vermelhas. Essa trajetória de experimentação e desenvolvimento técnico tem sido evidenciada em suas postagens regulares, nas quais compartilha não apenas o resultado final de suas criações, mas também insights sobre seu processo criativo e os desafios enfrentados ao explorar novas técnicas e materiais.
Ao longo do tempo, Mustafá tem demonstrado uma notável evolução em sua expressão artística, incorporando elementos de realismo e detalhamento em suas obras que encantam e surpreendem seu público. Sua habilidade em manipular diferentes tipos de canetas esferográficas para alcançar efeitos distintos é um reflexo de sua dedicação à prática constante e ao aprimoramento contínuo de suas habilidades. Essa versatilidade técnica, combinada com sua capacidade de inovar e experimentar, promete continuar cativando e inspirando aqueles que apreciam sua arte.
Na magistral obra "O Canto da Iyá", André Mustafá deslumbra ao unir a delicadeza e precisão das canetas esferográficas azuis com a riqueza e profundidade das tintas óleo e pastel seco. Nesta criação, o artista mergulha em um universo de expressão mais vasto, indo além das dimensões convencionais das suas obras desenvolvidas exclusivamente com canetas, às quais tem se dedicado com afinco ao longo de meses a fio.
"O Canto da Iyá" revela-se como uma obra monumental, não apenas em sua dimensão física, mas também em sua carga emocional e estética. Ao incorporar elementos diversos como tinta óleo e pastel seco, Mustafá expande os limites de sua expressão artística, conferindo à sua criação uma profundidade e uma textura que cativam e seduzem o espectador. É como se cada traço, cada pigmento, contasse uma história própria, evocando um universo mágico e envolvente.
Inserido no prestigiado Projeto Sky Fish Sea Bird, sob a direção de Oscar D'Ambrosio, "O Canto da Iyá" promete ser uma peça central na celebração dos 100 anos do surrealismo. Esta obra, juntamente com outras selecionadas, terá o privilégio de ser compartilhada e apreciada no Instagram @skyfish_seabird_project, proporcionando uma experiência visual única e instigante para todos aqueles que apreciam a arte em sua forma mais intrigante e encantadora.
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