Dizem os mais velhos (da tradição filosófica Yorubás) no Brasil, que quando morremos, partimos para uma jornada em estágios de 9 céus (nove planos de expansão espiritual). Aqui vemos ao centro o Orixá Ogun, no céu dos animais, após ter enficado suas espadas no solo e ter sumido do planeta Terra. Seu sumiço foi por motivos de muita vergonha e arrependimento: Ogun tinha retornado ao lar (depois de longos anos em guerra) e por não se recordar do dia do silêncio, decaptou muitos de seus súditos e filhos. Agora sereno, Ogun ao centro, vai sendo cobrado das cabeças que retirou: colocando sua cabeça em jogo.
The elders (of the Yoruba philosophical tradition) in Brazil say that when we die, we set off on a journey through nine heavens (nine planes of spiritual expansion). Here, in the center, we see the Orisha Ogun, in the heaven of the animals, having driven his swords into the ground and disappeared from planet Earth. His disappearance was for reasons of great shame and regret: Ogun had returned home (after long years at war) and, not remembering the day of silence, had beheaded many of his subjects and children. Now serene, Ogun in the center, is being charged for the heads he has removed: putting his head on the line.Técnica: Caneta esferográfica
Dimensões originais: 297 × 420mm
Ano de realização: 2022
By André Mustafá
Detalhe da pintura, onde Ogun agora está sendo decapitado por um dos animais que ele mesmo decapitou. Em sua boca folhas e ao lado os animais segurando pratos de louça com carretéis de linha em uma súplica ordenando a Ogun que encontre suas cabeças e as recosturem.
A atmosfera, na pintura, é de Ogun sereno e de profundo respeito. Ogun se entrega e reconhece essas pendências nesse CÉU. É PRECISO MANEJAR O TEMPO, pois Ogun sabe que o que foi cortado não se pode retornar ao lugar de origem. Ele então resolve se colocar no lugar e perder também sua própria cabeça. Decompor o corpo físico faz parte de um processo de ressignificação do que é fluído e vital.
ITÃ / CONTO
Quando Ogun retorna da guerra para Iré, sua cidade em África, ninguém o recebe com festas. O Rei é recebido com silêncio. Ele desgostoso dessa reação, em um ato impensado de fúria começa a decepar a cabeça de seu povo... depois de muito sangue derramado alguns de seus súbditos, por entre sangue e outras cabeça roladas tentam explicar ao Rei que esse dia foi instituído como o dia do silêncio e profunda oração e reflexão para o Líder que estava longe, em guerra. Ogun tinha voltado para seu Reino no mesmo dia que partira, anos atrás, para a guerra e tinha, ele próprio, instituído o dia do silêncio. Envergonhado e decepcionado com sua atitude impensada enfia a sua espada no solo e desaparece. NESSE MOMENTO, Ogun inicia uma nova jornada em sua vida atravessando os nove céus. O PRIMEIRO CÉU, é o céu dos animais que Ogun tanto abateu. Ogun agora está resolvendo pendências com esses animais, agora seres sem cabeça solicitam a Ogun o retorno de seus Oris (palavra de língua iorubá para "cabeça"). Nessa travessia dos NOVE CÉUS Ogun está se transformando em Orixá.
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